MENOPAUSA

A PROGESTERONA E O ESTRADIOL TRANSDÉRMICO NO TRATAMENTO DOS SINTOMAS DA MENOPAUSA

O corpo humano é de fato uma “máquina” bastante perfeita e organizada que tem os hormônios como base química para a comunicação entre as células. Os hormônios são os protagonistas para uma imensa gama de funções endógenas, portanto qualquer alteração hormonal pode acarretar em disfunções diversas, e otimizá-los pode fazer uma grande diferença na vida de qualquer indivíduo.

Já é consenso que o controle hormonal das mulheres é bem mais complexo do que dos homens e por isso toda mulher deveria ser avaliada individualmente ao longo de toda sua vida para atingir o seu próprio equilíbrio hormonal, especialmente na fase da menopausa. A menopausa marca o declínio e o fim da produção dos hormônios reprodutivos da mulher e pode ocorrer por volta dos 40 ou 50 anos de idade.

No Brasil as mulheres vivem hoje em média um terço das suas vidas na fase pós-menopausa, e cerca de 80% delas experimenta sintomas bastante desagradáveis causados pela diminuição dos níveis de estrogênio e progesterona. A diminuição desses hormônios provocam diversas alterações comportamentais e fisiológicas na mulher, e estes sintomas já se apresentam alguns anos antes da menopausa e podem persistir por vários anos.

Entre as alterações comportamentais já relatadas temos a insônia, a irritabilidade, depressão, percepção de declínio da qualidade de vida e alterações de humor. Dentre as alterações fisiológicas que podem ocorrer temos os suores noturnos, ondas de calor(fogachos), disfunções sexuais e queixas urinárias. 

A redução de estrogênio e progesterona decorrente da chegada da menopausa também pode favorecer outras condições de saúde bem importantes como o desencadeamento de complicações metabólicas que favorecem o surgimento da obesidade, o aumento da pressão arterial e aumento do risco de osteoporose, pois o estrogênio, é um hormônio que ajuda a preservar a densidade óssea.

De forma geral a chegada da menopausa é bastante desconfortável para as mulheres além de oferecer alguns riscos para a saúde. A boa notícia é que a ciência vem avançando cada vez mais na busca por melhorar a qualidade de vida e a saúde mas mulheres através da reposição dos hormônios que são drasticamente reduzidos no período da menopausa. 

Um desses tratamentos promissores inclui o estradiol transdérmico, que nada mais é do que o hormônio do estrogênio em forma de gel. O estradiol é o estrogênio mais prevalente no corpo durante os anos reprodutivos da mulher, sendo ele o responsável pelo desenvolvimento das características sexuais femininas e preparação do corpo para a gravidez. O uso do estradiol no tratamento da osteoporose em mulheres na menopausa por exemplo, já apresentou benefícios bem importantes a serem discutidos. Um estudo demonstrou que o uso do estradiol transdérmico durante o período de 2 anos foi responsável por aumentar a densidade óssea lombar e do quadril  de mulheres na menopausa. De maneira gradual, o estradiol transdérmico usado diariamente também foi eficaz na redução de ondas de calor moderadas a grave em 50%, 70% e 95% das mulheres após 2, 4 e 12 semanas de uso respectivamente. Repor esse hormônio parece estar trazendo bons resultados para a saúde e qualidade de vida das mulheres na menopausa.

O tratamento de reposição hormonal da progesterona como complemento à terapia com o estrogênio também vem mostrando alguns benefícios para o alívio dos sintomas das mulheres na menopausa. Alguns estudos já observaram que o uso do estradiol transdérmico com a progesterona micronizada tem benefícios preventivos diretos sobre o humor das mulheres ajudando a prevenir sintomas de depressão.

É consenso entre as organizações médicas dedicadas ao atendimento de mulheres na menopausa que a terapia hormonal tem um papel importante no controle dos sintomas de mulheres saudáveis durante a transição da menopausa e no início da pós menopausa. A individualização é essencial na decisão por quaisquer tratamentos hormonais e deve-se sempre considerar as prioridades de vida de cada mulher bem como seus fatores de risco pessoais.

Referências: 

Padrão hormonal feminino: menopausa e terapia de reposição: http://www.rbac.org.br/artigos/padrao-hormonal-feminino-menopausa-e-terapia-de-reposicao-48n-3/

Uma revisão atualizada sobre a terapia de reposição hormonal para mulheres na menopausa examinando as pesquisas mais recentes sobre estradiol, estriol, estetrol e ocitocina: https://www.naturalmedicinejournal.com/journal/2020-02/updated-review-hormone-replacement-therapy-menopausal-women

Eficácia do estradiol transdérmico e progesterona micronizada na prevenção de sintomas depressivos na transição da menopausa – Um ensaio clínico randomizado: https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2668205

Terapia de reposição hormonal na menopausa: https://www.scielo.br/pdf/abem/v58n2/0004-2730-abem-58-2-0172.pdf